Páginas

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Vini Palma coleciona títulos no surfe

 


Com corpo franzino de garoto de apenas 10 anos, Vinicius Garcia Palma, ou simplesmente Vini Palma, se transforma em um gigante ao entrar no mar e surfar. A cada conquista, ele se firma como umas das maiores promessas do surfe regional, paulista e até nacional. Neste último final de semana foram nada mais nada menos do que cinco títulos: campeão do Circuito Sculp APGS de Surf 2021 nas categorias sub 10, sub 12, sub 14 e sub 16, além do título de campeão do Circuito A Tribuna de Surf Colegial na categoria sub 14, representando o COC Novo Mundo de Praia Grande.


Todos estes títulos são fruto de muita dedicação e sacrifícios ao longo da sua curta carreira. Como todo garoto superativo e amante de esportes, já praticou várias modalidades, mas por influência da família experimentou o surfe aos 6 anos e não largou mais: “Achei o esporte muito legal. Meu pai surfava, meus tios todos também surfavam. Um dia estávamos em casa e um tio ligou convidando a gente para ir à praia e que estava rolando um campeonato. Meu pai pediu para ver se poderia me incluir na competição para brincar. Me inscreveram, eu passei pela minha bateria e terminei em terceiro”.

Mas, algumas contusões atrapalharam o início da carreira. Logo após sua primeira participação no Circuito APGS, onde não conseguiu chegar na final, uma fratura em um dedo o afastou por um ano do surfe. Após a recuperação, voltou a fraturar novamente e em seguida, treinando judô com o primo, sofreu mais uma fratura. E a série de contusões não parou por aí. “Uma semana antes do meu aniversário, eu fui andar de skate e quebrei a perna e fiquei três meses engessado”. Um mês após tirar o gesso, Vini fraturou o braço e ficou mais quatro meses imobilizado. “Quando me recuperei, finalmente voltei a surfar”.

Só depois de passada esta fase de pouca sorte, tudo começou a mudar. Veio o primeiro título em Itanhaém com 7 anos na categoria sub 10. “Não havia disputa na categoria dele, que era a sub 8, que haviam tirado das disputas”, explicou a mãe Camila Garcia Palma, também com esporte na veia: “Pratiquei judô. Fui atleta e precisei parar após me contundir”.

Manobras - Vini destaca suas manobras preferidas. “As manobras que eu não erro e sempre me dão boas notas são o snap (manobra que deriva da batida e feita com uma mudança forte de direção antes de atingir o lip da onda. Realizado como se fosse dar uma batida, porém é completado pelo lado contrário, ou seja, pelo lado da espuma e não pela face da onda) e a rasgada (consiste em dar uma guinada de 180° na parede da onda, levando a ponta da prancha na direção de ruptura da onda. Cria um efeito de spray de água)”.

Graças ao trabalho desenvolvido junto à psicóloga, Vini consegue controlar a ansiedade e o nervosismo antes e durante a competição graças aos exercícios de técnica de respiração. Ele reconhece que precisa melhorar em algumas manobras como o aéreo (voo sobre a onda. O surfista deve usar a onda como trampolim, pulando sobre a crista e fazer um movimento no ar para completar a manobra aterrissando em pé e continuando na onda) e aéreo de back (manobra que o surfista volta na direção contrária da onda e depois regressa na direção normal. Executada quando a onda perde força). “Ainda não me sinto confiante em competição para executar estas manobras. Foco naquelas que me garantem boa pontuação. Somente quando eu tiver duas notas altas poderei arriscar em uma bateria e executar”.

O grande ídolo que serve de referência para Vini é Mick Fanning: “Sou fã dele e é por isso que o nome do meu cachorro é Mick”.

O principal título na breve carreira é o Sul Americano, categoria sub 10, competição realizada pela WSL, em Mancora, no Peru. A realização foi dentro de um evento Pró Júnior. Além deste, no currículo vem o título paulista e regional em todas as cidades da Baixada Santista, do Guarujá à Itanhaém. Em 2021, em Praia Grande, venceu na categoria sub 10, sub 12, sub 14 e sub 16.

Ele vive a expectativa de conquistar a vaga para o Brasileiro sub 14 e chegou a sonhar com isso: “Nesta categoria ele ocupa o quarto lugar no ranking paulista. Se o estado de São Paulo tiver direito a quatro vagas, ele será convidado a participar. Esta é sua meta no momento”, destacou a mãe. Se conquistar o direito de participar, Vini pretende vencer o Brasileiro e posteriormente conquistar o Mundial e quem sabe, Jogos Olímpicos.

Outra conquista importante e muito desejada foi o Circuito A Tribuna de Surf Colegial na categoria sub 14: “Fiquei muito feliz de ter vencido. Eu não esperava. O mar estava pequeno e me ajudou. Eu queria muito ganhar por conta do meu pai Jonhy Palma. Essa semana ele fez aniversário. Ele sempre competiu e sempre falou que essa competição era uma das mais organizadas na região inteira. Eu prometi dar de presente a ele. Meu pai disse que só o fato de chegar na final já estaria ótimo, mas eu consegui. Se meus pais não me ajudassem eu nem estaria aqui na Praia Grande surfando”.

Mudança - A família vivia em São Paulo. Com a evolução de Vini no esporte, o pai precisa ficar na Capital trabalhando e a mãe passava três dias no Litoral e o resto na Capital. “Houve momentos que precisei ficar somente com minha avó aqui em Praia Grande porque meus pais não conseguiam descer”, destacou ele. Até o momento em que a família resolver mudar-se definitivamente para o Município, há cerca de três anos, para poder proporcionar ao filho mais tranquilidade na busca dos seus sonhos. Vini faz questão de também citar sua irmã, Manoela Garcia Palma de 11 anos. “Eu incentivo ela a fazer surfe”.

Vini treina todos os dias, desde que tenha onda. “Normalmente, são três horas mas quando estou cansado e o mar está ruim, surfo duas. Mas quando o mar está muito bom chega a cinco horas”.

Sua preparação conta com toda a estrutura da Personal Boards, empresa especializada na preparação de atletas, em especial no surfe. “Ele conta com educador físico, médico do esporte, fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista. Eles acompanham vários atletas de elite. Ele participou de um camp de três dias no Guarujá onde passou por toda uma avaliação para poder integrar a equipe”.

Um fator importante na vida deste jovem atleta é conseguir conciliar toda sua dedicação ao surfe com os estudos. Apesar de necessitar faltar devido às competições e viagens, ele consegue estudar e manter ótimas notas na escola. Em 2021 ele alcançou as notas necessárias ainda no 3º bimestre para conseguir sua aprovação.

Nenhum comentário: